quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Nota de esclarecimento eleição diretor Cidasc

Desde 1994, quando aprovada a Lei 1.178 de 21 de dezembro de 1994 que autorizou a participação de um funcionário de carreira para fazer parte do corpo diretivo das empresas públicas estaduais, desde que eleito por seus pares, os sindicatos da agricultura vêem lutando pelo cumprimento da Lei Estadual.

Primeiro com uma grande pressão pra colocar no ACT uma cláusula que obriga as empresas a cumprir, em definitivo, a Lei. Infelizmente sempre foi assim no Brasil.

Conseguimos implantar na Epagri um processo eleitoral que se não é o que sonhamos é o possível, tem regras claras estipuladas por uma instituição isenta (FAPER) que conduz o processo e faz a discussão das propostas.

Não é o que acontece na Cidasc, que desde o inicio se opôs a cumprir a cláusula, conforme determina a lei.

Nós do Sindaspi, até o momento, fomos quem mais levantou a bandeira para o cumprimento da cláusula desde 2005, inclusive tentando compor uma frente com várias entidades para implantar o processo e eleger um diretor conforme determina a Lei.

Nesse período encaminhamos vários ofícios à empresa cobrando a realização do processo e a associação pedindo envolvimento, por esta ser a entidade mais representativa dos trabalhadores na empresa.

Tendo esgotado todos os processos de tentativa de diálogo, entramos no último recurso que nos restava a via judicial e foi concedido aos trabalhadores o direito de usufruir o direito conquistado.
Mesmo assim a empresa em uma manobra espúria, por ser ela a principal parte interessada, não convocou uma entidade isenta para conduzir o processo, pelo contrário, ela mesma implantou um regulamento eleitoral inaceitável onde só a diretoria (parte interessada) se beneficia.

Por esse motivo o Sindaspi ajuizou denúncia contra esse tipo de atitude da Cidasc e estamos acreditando que a justiça irá se manifestar em breve se pronunciará sobre o processo.
Em todo esse tramite até o momento ninguém se manifestou favorável a contribuir em defesa do processo, ao contrario muitos funcionários se contraporam as nossas iniciativas nos criticando sob o argumento que estávamos interferindo no comando das empresas, sob o argumento de que esse não era um assunto que nos dizia respeito.

Agora, após o processo implantado, começam a aparecerem as reivindicações de paternidade e defesa desse ou daquele candidato, candidatos esses na maioria sem comprometimento com nenhuma instituição que legalmente represente os trabalhadores dessa empresa. Trabalhadores, candidatos que se vangloriam de não pertencerem as instituição são candidatos deles mesmos, uns de olho apenas no aporte financeiro e outros para exaltar o ego pessoal.  

Queremos,  mais uma vez, ressaltar que o Sindaspi não ira participar de um processo no qual entendemos que o próprio regulamento esta contaminado com vícios tendenciosos. Por tanto, não queremos influenciar nas decisões dos trabalhadores que tem o livre arbítrio de decidir sua opinião seja qual for.

Estamos com processo judicial ajuizado em relação ao que achamos ilegal nesse processo. Não conseguimos, como era nossa pretensão, a concessão de liminar que impedisse a realização da eleição (da forma imposta pela empresa), mas estamos com audiência marcada para 06 de maio de 2015 às 14h10min.

Queremos deixar bem claro que o Sindaspi/SC jamais incentivou qualquer forma de voto, já decidimos coletivamente em reunião do Conselho Deliberativo que nosso indicativo seria para que os candidatos renunciassem suas candidaturas [diante do regulamento eleitoral inaceitável onde só a diretoria (parte interessada) se beneficia] como forma de protesto.

Logo, a afirmação de terceiros de que o Sindaspi/SC indicou votou NULO não é verdadeira, o que não impossibilita que os integrantes ou representados pelo sindicato manifestem opiniões particulares, o qual respeitamos como qualquer outra.   

Alertamos, por fim, para a possibilidade dos trabalhadores (eleitores e /ou candidatos) apresentarem impugnação no prazo de 05 dias úteis da data da realização da eleição (tanto do primeiro, quanto do segundo turno) – item 16 do regulamento.



Coordenação do Sindaspi/SC

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A Guerra do Contestado foi uma luta de pobres contra ricos

Durante três dias, 30, 31 de outubro e 1º de novembro, os trabalhadores filiados ao sindicato tiveram a oportunidade de enriquecer seus conhecimentos sobre fatos que aconteceram durante os quatro anos da Guerra do Contestado, e que influenciaram diretamente toda uma regia, além de a vida dos trabalhadores catarinenses até os dias atuais.

Foram discutidos desde os aspectos históricos que interviram no comportamento dos trabalhadores e no desenvolvimento daquela região, como as relações de trabalho existentes e a escravidão, que infelizmente continua sendo uma realidade em todo o mundo.    


Compreender fatos da nossa história nos possibilita perceber como foram construídas diversas situações que interferem diretamente no dia a dia da sociedade, para o bem ou para o mal, e nos remete a pensar e discutir as condições que queremos para o nosso país daqui há 200 anos.

Para o historiador Eloy Tonon, a guerra do Contestado foi o maior movimento social político, econômicos que ocorreu no estado. Porém, a busca pelos fatos históricos que ocorreram na época, esbarra na dualidade das informações. “Os jornais interferiram na narrativa histórica com deformações”, conforme os interesses políticos da época, que certamente não eram defender os verdadeiros donos daquelas terras, o povo caboclo, sertanejo.



Para os historiadores que participaram do VII Congresso do Sindaspi, como o mestre Tonon, que é doutor em história, “O olhar do historiador não pode fugir das mortes, permanências, mudanças, sem esquecer que cada época, cada geração elege seus valores, escamoteia suas ordens, realça suas transgressões”. Verdade seja dita, a guerra foi sim um massacre do povo nativo que vivia pacificamente naquela região, mais uma vez, a história nos prova que o caminho para a chamada civilização é povoado de mortes, dor e destruição.


Uma história cheia de misticismo


As pesquisas de campo, através de anotações, de diários de guerra, e, através das histórias contadas pelo povo que sobreviveu ao massacre do Contestado, mostram personagens históricos frutos de seu tempo, uma época de monges (mais de 50 na região) que desempenhavam a religiosidade na inexistência de padres.  Os monges mesclaram vários aspectos do culto cristão, as romarias, preces, penitências e festas com alguns ritos que pertenciam ao universo mágico-religioso.

As Irmandades Místicas existentes na época tornaram os sertanejos sujeitos da própria história em que lutaram em busca de uma cidadania. Este povo foi um exemplo emblemático de ruptura com a ordem vigente em busca de um reino imaginário de justiça, harmonia, fraternidade e igualdade. Alguns historiadores afirmam ter sido o berço do nascimento do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).


O progresso traz consigo o sofrimento


A chamada modernidade republicana concedia benefícios e regalias apenas para os coronéis, oligarquias, empresas e imigrantes estrangeiros. Tudo para conquistar regiões ricas ainda desabitadas e levar a “civilização” e o “progresso”.  Nossa mata atlântica é devastada, a dita civilização chega com o trem, que serve tão somente para levar toras e toras de madeiras de lei para o exterior. Progresso? Só se for para os exploradores.

Segundo os sertanejos, para as pessoas que viviam muito bem restaram a morte “sem motivo aparente”, numa região antes coberta de floresta, devastada com a chegada da empresa madeireira norte americana Lumber. “Como foram bandidos os governos que massacraram um povo pacífico, religioso e ordeiro”, diriam os nossos caboclos. As heranças do Contestado não foram tão nobres assim...

Para o professor da UNC, Alexandre Assis Tomporoski, os movimentos grevistas que ocorreram na estrada férrea do Contestado são o início do movimento sindical na história do Brasil, pois muitos dos trabalhadores viajam por todo o país construindo estradas, repassando as informações de cada região, tendo condições de formar uma organização nacional de trabalhadores. A guerra do Contestado inicia a história sindical no Brasil.






Certamente, o VII Congresso do Sindaspi nos provou que conhecer melhor o nosso passado é a única forma de garantirmos um pouco mais de sabedoria para evitarmos erros no presente e futuro.




* Atenção: Em breve, serão disponibilizados os vídeos, que estão sendo processados e reduzidos para possível visualização via Internet. Quem desejar o material gráfico utilizado pelos palestrantes durante o Congresso solicitar via e-mail imprensa@sindaspisc.org.br

* Mais fotos no facebook do Sindaspi/SC ou para solicitar fotos específicas através do e-mail imprensa@sindaspisc.org.br com a jornalista Cris Mohr.



* Matéria baseada nas palestras realizadas nos três dias de Congresso, realizada pelos historiadores. Disponibilizamos abaixo a sinopse de seus currículos:


Eloy Tonon
Possui graduação em Artes Práticas pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, graduação em História pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória e Mestrado em História Social pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professor do Departamento de História da UNESPAR - campus de União da Vitória.  

Ilton Cesar Martins
Possui graduação em História pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União Vitória, onde também obteve o título de especialista em História do Brasil. É mestre em História: Cultura e Poder pela Universidade Federal do Paraná, e doutor pela mesma linha de pesquisa em 2011. É professor Adjunto na Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR, campus de União da Vitória. Dedica-se aos estudos sobre a escravidão negra na Província do Paraná, especialmente a questão da criminalidade escrava e a questão da lei e justiça.


Alexandre Assis Tomporoski
Possui graduação em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina, mestrado e doutorado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Sua atuação concentra-se nas áreas de história do Contestado e história do trabalho no Brasil. Atualmente é professor do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e de diversos cursos de graduação da Universidade do Contestado (UnC), campus Canoinhas, onde também coordena o Núcleo de Pesquisa em História


Fernando Tokarski
Professor, escritor, jornalista e pesquisador de História Regional. Integra a Academia de Letras Vale do Iguaçu (União da Vitória-PR), ocupando a cadeira 31, cujo patrono é Cyro Ehlke. É especialista em História do Contestado, História Regional e genealogia, com amplas pesquisas nesses temas. Professor da Universidade do Contestado (UnC), lecionou as disciplinas História do Contestado e Geografia Humana.