Os fiscais das
barreiras sanitárias convivem com uma situação de precariedade no trabalho há
vários anos. Muitas mobilizações foram feitas denunciando esta situação e pouca
coisa mudou. As condições de segurança, transporte, infraestrutura e
remuneração continuam péssimas.
Em junho de
2013, foi assinado o Acordo Coletivo de Trabalho da Cidasc, ficando acordado
com o governo na mesa de negociação que as demandas dos fiscais das barreiras,
mesmo tendo o acordo assinado, seriam negociadas separadamente ao longo do ano.
A categoria se
mobilizou, construiu uma pauta de reivindicações unificada, que foi protocolada
em agosto. A partir de então, foram várias tentativas de negociação sem sucesso
com a Secretaria da Agricultura e Cidasc que, mesmo reconhecendo que as
condições de trabalho dos fiscais são precárias, nada apresentou de concreto em
relação aos pontos reivindicados na pauta.
No dia 29 de
outubro, em assembleia dos trabalhadores, em Campos Novos, a Cidasc apresentou
uma proposta de Plano de Carreiras Empregos e Salários (PECS), como alternativa
às reivindicações apresentadas. Os trabalhadores entenderam que a proposta não
era concreta, pois sequer tinha um parecer do governo e atendia apenas em parte
as reivindicações. A Cidasc pediu um prazo de 30 dias para trazer um retorno
concreto aos trabalhadores, os trabalhadores aceitaram a solicitação e optaram
por decretar estado de greve, sem paralisar as atividades.
Neste período,
iniciaram uma série de mobilizações pelo estado, buscando sensibilizar a
população sobre a importância do seu trabalho e a urgência de melhoria nas
condições. Fruto dessas mobilizações, os representantes do movimento foram
chamados pelo secretário da Agricultura, João Rodrigues, para uma audiência
onde este reconheceu a necessidade de melhorar as condições de trabalho dos
fiscais e se comprometeu em apresentar uma contraproposta do governo nos dias
seguintes. Porém, nada foi apresentado e as mobilizações continuaram. Em
audiência com a direção da Aurora Alimentos, representantes dos fiscais
obtiveram formalmente o apoio daquela empresa que considerou justas as
reivindicações.
Esgotado o
período de 30 dias, os fiscais se reuniram novamente em assembleia aguardando
uma proposta concreta, por meio do gerente administrativo da Cidasc. A proposta
esperada não veio. A Cidasc apenas informou que foi designado um técnico do CPF
(Comitê de Política Financeira), órgão ligado à secretaria da fazenda, para
fazer um estudo sobre o PECS, sem prazo para conclusão. Os trabalhadores
entenderam que a sinalização do governo é muito vaga, pois não têm nenhum aval
do governo em relação ao plano e sequer foram mencionados pelo governo os
pontos de pauta de reivindicações da categoria. E assim, resolveram no dia 4 de
novembro deflagrar a greve.
A greve é uma ferramenta da classe
trabalhadora utilizada em situações onde foram esgotadas outras possibilidades
de diálogo. Os trabalhadores possibilitaram ao governo várias possibilidades de
resolver o impasse criado. Porém este preferiu prolongar a situação ao não
apresentar alternativas concretas.
Greve nas barreiras: Um movimento vitorioso
Mediante
decisão da justiça, que determinou o retorno de no mínimo 50% das atividades,
por considerar a função dos fiscais das barreiras sanitárias da Cidasc como atividade essencial, os trabalhadores
resolveram retornar com 100% das atividades. A decisão é um voto de confiança
na Justiça do Trabalho e um passo a mais no sentido de abrir as negociações com
o governo do estado, que até o momento não avançaram.
Com a greve
dos dois últimos dias, que praticamente paralisou a fiscalização nas barreiras
sanitárias de Santa Catarina, os trabalhadores demonstraram seu poder de
mobilização e obtiveram várias conquistas. Ainda não avançamos em relação a
nossa pauta de reivindicações, mas já conquistamos o respeito e o apoio da
sociedade às nossas reivindicações. Além disso, estão agendadas duas
audiências, a primeira com a Justiça do Trabalho e a segunda, com o Ministério
Público do Trabalho, onde nossas reivindicações estarão em pauta.
Embora o presidente
da Cidasc tenha declarado na imprensa que os serviços de fiscalização nas
barreiras não foram comprometidos, na sua manifestação frente à justiça do
trabalho afirmou exatamente o contrário.
O sindicato
recebeu notícias sobre o fechamento de barreiras de rechaço em algumas regiões
do estado, por falta de pessoal, onde a circulação de cargas não sofreu
qualquer tipo de fiscalização. Em outras barreiras, para tapar o sol com a
peneira, a Cidasc direcionou outros profissionais, sem a qualificação e experiência
necessárias para o trabalho de fiscalização.
Sequer os
termos de passagem das cargas animais foram emitidos, por orientação da própria
empresa, que admite assim não prescindir do trabalho dos fiscais. O que ocorreu
durante a greve foi uma fiscalização de faz de conta, “pra inglês ver”. Isso
comprova mais uma vez que o serviço dos fiscais nas barreiras da Cidasc, agora
reconhecido como essencial pela empresa e pela justiça do trabalho, precisa ser
recompensado na forma de melhores condições de trabalho e remuneração.
Desde o início
do movimento, que culminou na greve do dia 4, a união e a organização dos
trabalhadores nas barreiras vem aumentando. Saímos da greve, fortalecidos e de
cabeça erguida, mesmo com as pressões e ameaças sofridas pelos trabalhadores
grevistas, que foram, inclusive, impedidos pela empresa de utilizar seus locais
de trabalho. Obtivemos o apoio da sociedade e uma adesão de mais de 85%. O
movimento vem sendo vitorioso e os trabalhadores estão de parabéns. Sabemos que
novas lutas nos esperam. A categoria continua mobilizada e segue em estado de
greve.
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