segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pressões conjunturais e estruturais sobre os preços dos alimentos


O debate econômico sobre causas prováveis da pressão inflacionária conjuntural e das políticas necessárias à sua erradicação contamina-se por duas teses simplistas: de um lado, a explicação do choque conjuntural de oferta, banalizado na mídia televisiva pela “explosão” dos preços do tomate; de outra, a tese muito cara ao setor financeiro e seus áulicos, de que é preciso cortar a demanda interna com elevação de juros e/ou redução da despesa pública que alimenta a massa das remunerações do trabalho (salários e benefícios sociais monetários), sob pena da propagação das pressões inflacionárias.

Se olharmos a trajetória recente de uma década – 2003/2013 –, veremos que, em três conjunturas bem delineadas, houve pressão forte dos preços agrícolas, que em última instância promoveram tensões no nível geral de preços, provenientes de diferentes situações:

1) na conjuntura de 2003/2004, quando uma mini-crise cambial, pós-eleição do presidente Lula, provocou forte desvalorização cambial (o dólar chegou a 4 reais e a inflação do IPCA em 2003 atingiu 14,7%);

2) em 2008, com a inflação do IPCA em 5,7% puxada por pressões de preços agrícolas substancialmente mais altos;

3) em 2013, quando a inflação dos últimos 12 meses ficaria provavelmente acima do limite da meta inflacionária de 6,5%, enquanto os produtos alimentares da cesta básica (trigo, carnes, cereais e grãos, açúcar e derivados) crescem no mercado interno praticamente o dobro dessa meta.

Observe-se que há um fator comum às três conjunturas citadas, em geral desconsiderados nos diagnósticos ortodoxos do controle da inflação pela via da elevação dos juros e do corte de ‘despesas’ públicas - teses prevalecentes em 2003/2004 e 2008. O país realizava e ainda realiza uma política de ajuste externo fortemente apoiada na exportação de “commodities” agrícolas e minerais. Entre 2003 e 2008, ainda se navegava nas vias oficiais na crença do equilíbrio externo por esse caminho. Atualmente, depois de cinco anos sucessivos de déficit na Conta Corrente (2008 a 2012), com o ano de 2013 aparecendo ainda mais complicado, com déficit previsto em torno de 4% do PIB, crescem as pressões por elevar as exportações primárias ‘a qualquer custo’.

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